Com 398 votos a favor (59,13%) e 275 contrários (40,87%), o PMDB decidiu nesta terça-feira (10), em convenção nacional, apoiar a candidatura da presidente Dilma Rousseff na eleição de outubro, reeditando a chapa que tem Michel Temer como vice-presidente da República. A votação registrou 64 votos brancos, nulos e ausentes, segundo a assessoria do PMDB.
Ao discursar após a divulgação do resultado, Temer afirmou que a convenção "não tem vencedores e vencidos", mas sim "um grande vencedor que é o PMDB". Em referência aos votos contrários à aliança com o PT, o vice-presidente ponderou que é normal haver divergência em processos de discussão.
"Vocês sabem que ao longo do tempo nós sempre tivemos democraticamente as mais variadas divergências dentro do partido e sempre obtivemos a unidade. A unidade [está] na ação daquele PMDB que quer trazer o maior número de deputados federais para a Câmara, o maior número de senadores e de governadores", disse.
Temer afirmou ainda que o PMDB terá uma presença "ativa" em um eventual segundo mandato de Dilma. A falta de participação do partido na tomada de decisão do Executivo é uma das reclamações do setor dissidente da sigla.
"Não seremos apenas aliados, seremos o próprio governo, já que estarei no governo. [...] Temos que continuar reunidos para continuar a fazer o PMDB o maior partido do Brasil", afirmou.
Antes da apuração dos votos, Temer havia dito que, confirmada, a aliança com o PT "abre portas para que um dia o PMDB ocupe todos os espaços políticos desse país para o bem dos brasileiros".
O grupo dissidente alega que o governo Dilma não incluiu o PMDB nas decisões de governo e critica a postura do PT de priorizar candidaturas próprias nos estados, em vez de formar coligações em algumas regiões com candidatos peemedebistas.
Também antes apuração dos votos, o presidente interino do PMDB, senador Valdir Raupp (RO), disse perceber que o partido está "mobilizado e entusiasmado para reeditar a chapa Temer-Dilma".
Raupp apresentou as propostas da sigla para um eventual segundo mandato da presidente, entre elas a reforma política, escola integral até a conclusão do ensino médio, utilização de 10% das receitas correntes brutas da união para a saúde e melhoria na infraestrutura logística para escoar mercadorias.
Dissidência nos estados
Apesar da maior parte dos discursos na convenção ser em favor da aliança com o PT, várias lideranças do partido não deixaram de expressar críticas ao partido da presidente Dilma Rousseff, sobretudo com relação à postura da sigla nas disputas regionais.
"O PMDB mais uma vez conduz a democracia, mas infelizmente o PT no nível regional em diversos estados não tem essa compreensão. Depois de oito anos ocupando espaços no governo Sérgio Cabral, o PT não percebeu, no Rio de Janeiro, a importância da transição que estamos fazendo para a população", disse o prefeito da cidade do Rio, Eduardo Paes (PMDB).
Na última quinta-feira (5), em evento promovido pelo presidente regional do PMDB no Rio de Janeiro, Jorge Picciani, lideranças do partido apoiaram à candidatura de Aécio Neves (PSDB). O candidato tucano, no entanto, não chegou a declarar apoio a Pezão, candidato à reeleição do PMDB para governador do estado.
O ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), afirmou, em discurso, acreditar os conflitos entre PT e PMDB nos estados não impedirão a parceria no plano nacional.
"A presidenta Dilma, na última ocasião em que estivemos juntos, teve oportunidade de dizer que o Rio de Janeiro é exemplo de aliança entre o PMDB e o PT. Por isso, estamos aqui para confirmar que estamos juntos e que não serão os percalços regionais que irão atrapalhar essa aliança."
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