Schumacher completa 45 anos internado em estado grave após acidente de esqui na França
O início de ano que costuma ser festivo para Michael Schumacher está sendo bem diferente em 2014. O alemão não pôde comemorar o Ano Novo, tampouco celebrará o aniversário de 45 anos nesta sexta-feira (3). O heptacampeão mundial da F1 está internado em estado grave na França desde o último domingo, quando sofreu um acidente enquanto esquiava na estação de Méribel, nos Alpes. Ele teve traumatismo craniano e hemorragia cerebral depois de cair e bater a cabeça contra uma pedra, e está em coma artificial já há cinco dias.
No Ano Novo, Schumacher esteve acompanhado pela família no Centro Hospitalar Universitário de Grénoble, com alguns fãs e jornalistas encarando o frio em uma noite gelada do lado de fora. Nesta sexta, a aglomeração diante do CHU deve ser maior, com a Ferrari ajudando a organizar uma ‘festa de aniversário silenciosa’ para o piloto. A comemoração não deve ser das mais animadas, mas servirá para mostrar o respeito e a admiração que existem pelo legado do piloto.
A situação, de acordo com os médicos que o atendem, é crítica. Michael já passou por duas cirurgias na cabeça – sendo a segunda delas mais delicada, para a remoção de um hematoma no cérebro – e ficou estável entre terça e quinta-feira. Caso não estivesse usando capacete, provavelmente teria morrido na hora. O item de proteção, aliás, partiu no violento impacto.
Em seus 45 anos de vida, Schumacher quebrou recordes e afirmou-se como um dos maiores esportistas de todos os tempos – não só no automobilismo.
Na F1, o alemão estreou em 1991 com a Jordan, dando início a uma vitoriosa história de 308 GPs, 91 vitórias, 68 pole-positions, 155 pódios e sete títulos mundiais.
Depois de fazer uma única corrida pela Jordan, na Bélgica, em 1991, Schumacher logo mudou para a Benetton, defendendo o time italiano até o fim de 1995. Em 1994 e 1995, foi bicampeão mundial e transformou-se no grande nome da categoria após a morte de Ayrton Senna e as aposentadorias de Alain Prost e Nigel Mansell.
Em 1996, ele foi contratado pela Ferrari para mais uma tentativa da equipe italiana encerrar o jejum de títulos que já durava mais de uma década. Foram necessários alguns anos a mais para isso: o Mundial de Construtores só foi conquistado em 1999, e Schumacher alcançou o tri da F1 no ano de 2000. Ali, começou uma sequência histórica: cinco títulos consecutivos até 2004. Tal forma o fez passar pelo maior campeão até então, o argentino Juan Manuel Fangio.
Além de sucessos, a carreira de Schumacher ficou marcada por diversas polêmicas. Há anos, o germânico é criticado por atitudes nas decisões dos campeonatos de 1994 e 1997, quando colidiu com os rivais na briga pelo título – Damon Hill e Jacques Villeneuve, respectivamente. Na segunda vez, ele levou a pior e acabou derrotado. Mais uma vilanice do gênero foi cometida no GP de Mônaco de 2006: o piloto estacionou sua Ferrari na curva Rascasse para evitar a pole-position de Fernando Alonso. Acabou desclassificado.
Schumacher ainda divide com a Ferrari outro momento extremamente polêmico: a ultrapassagem sobre Rubens Barrichello na reta de chegada do GP da Áustria de 2002.
Apesar desses alguns pesares, é inegável a importância de Schumacher para a F1 e para o esporte na Alemanha. Em duas décadas, ele fez do país o segundo maior vencedor na história do Mundial, ajudando a impulsionar o surgimento de uma nova geração de talentosos pilotos. Em 2014, alinharão no grid quatro germânicos: Sebastian Vettel, Nico Rosberg, Nico Hülkenberg e Adrian Sutil.
Depois de se aposentar da F1 pela primeira vez, no fim de 2006, o heptacampeão ainda retornou em 2010 para defender a Mercedes, quitando uma dívida de gratidão à montadora que pagou pela sua primeira corrida na categoria. Embora a expectativa fosse alta, o sucesso esteve longe de ser o mesmo, e o alemão foi ao pódio apenas uma vez, no GP da Europa de 2012, em Valência.
Fora das pistas, Schumacher também é conhecido por sua generosidade: já doou mais de R$ 160 milhões para instituições de caridade e de pesquisa médica. Ele é casado com Corinna, 44, e tem dois filhos: Gina-Maria, 16, e Mick, 14.
NÚMEROS DA CARREIRA DE SCHUMACHER
GPs: 308
Largadas: 307
Vitórias: 91
Pole-positions: 68
Volta mais rápida: 77
Pódios: 155
Pontos: 1566
Títulos: sete – 1994, 1995, 2000, 2001, 2002, 2003 e 2004
Equipes: Jordan (1991), Benetton (1991-1994), Ferrari (1996-2006) e Mercedes (2010-2012)
CRONOLOGIA DO ACIDENTE DE SCHUMACHER
DIA 1 - 29/12 - DOM
Michael Schumacher esquiava na estação de Méribel, nos Alpes, quando caiu e bateu a cabeça em uma pedra em um trecho fora da área demarcada pouco depois das 11h locais (8h de Brasília). Ele foi rapidamente resgatado e levado para um hospital em Moûtiers. De lá, foi transferido para o Centro Hospitalar Universitário de Grénoble, referência neste tipo de acidente. As primeiras informações davam conta de que Schumacher não contraíra grandes lesões, mas, no início da noite, foram confirmados traumatismo craniano grave, hemorragia cerebral e coma artificial. Piloto foi submetido a cirurgia assim que chegou ao CHU.
DIA 2 - 30/12 - SEG
Em uma coletiva realizada pela manhã, os médicos confirmaram que a situação de Michael Schumacher é crítica. À noite, o alemão apresentou uma pequena melhora que abriu uma "janela de oportunidade" para uma segunda cirurgia. Essa operação foi para remover um hematoma que estava do lado esquerdo do cérebro.
DIA 3 - 31/12 - TER
Em nova conferência de imprensa, o corpo médico do CHU de Grénoble explicou que a decisão de operar novamente o heptacampeão, por causa dos riscos, foi tomada em conjunto com a família. Porta-voz de Schumacher, Sabine Kehm revelou que um jornalista vestido de padre tentou invadir a sala de cirurgia durante o procedimento.
DIA 4 - 1/1 - QUA
A virada de ano de Schumacher contou com a presença da família, que o envolveu com alguns amuletos. Do lado de fora, jornalistas e poucos fãs aguardavam por notícias em noite gelada. Pela manhã, Sabine Kehm falou no lugar dos médicos e afirmou que a condição do piloto era estável: nem melhorara, nem piorara.
DIA 5 - 2/1 - QUI
Novamente, não aconteceu coletiva de imprensa com os médicos. A porta-voz Sabine Kehm decidiu cancelar os boletins diários "ao menos enquanto não houver mudanças".
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